domingo, 6 de junho de 2010

O Manuscrito que está começando a ser escrito


Música! Eis aí um tema difícil. Aquele senso comum que diz "cada um tem seu gosto" fica à mercê quando se ouve algo tão bom. As novas composições de Sandy, numa síntese bem simplória, deixa claro o quanto a cantora mudou. Ela segue atualmente o que começou no final da carreira com o irmão. Nunca se pensou o quanto foi positiva a decisão de carreira solo.

Músicas dotadas de metáforas incríveis ( "quando o céu se cobriu de vermelho..."), comparações fantásticas (" dias iguais /são como um / rio correndo pra trás não deságuaem nenhum lugar..."), antíteses forte ("no sim existe um não/ no céu existe um chão/ vencer também tráz perdas"), são só algumas características dessa nova fase.

Um grande escritor russo chamado Fiódor Dostoievisk vai dizer de modo singular que "se quiser compreender uma pessoa e conhecer-lhe a alma, não preste atenção à sua maneira de calar, falar, olhe antes para ela quando ri". Essa citação vai de encontro às influências da escritora modernista Clarice Lispector no novo cd de Sandy. "Intimista, beirando o melancólico", palavras da própria cantora está em sintonia com a introspecção da escritora. Nesta mesma linha de pensamento, "olha antes para ela quando ri", está um verso de uma música do cd "Manuscrito", "Duras Pedras", aliás, repleta de antíteses, quando diz " sorrir pode esconder".

São estes "detalhes" para não dizer "tão pequenos" como foi dito pelo cantor e compositor Roberto Carlos que deixa claro mais uma antítese no disco. Detalhes que o torna grande. Grande como a capacidade desta cantora, utilizando-me de comparação ou a Sandy que é um golfinho de tão afinada, metaforicamente falando.

O "Manuscrito" é um ensaio do que ainda será escrito. Trocando em miúdos, é daí para melhor.



Isaac Melo

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